O Grupo Rio Claro, um importante produtor de grãos do norte de Minas Gerais, entrou em recuperação judicial no último dia 12. Com dívidas de R$ 20 milhões, a companhia é mais uma afetada pela combinação de queda nos preços e na produtividade da soja na última safra, depois de um intenso ciclo de investimentos em máquinas e expansão de área.
Hoje, os maiores credores individuais do Grupo Rio Claro são o Sicoob e o Banco do Nordeste, somando R$ 7 milhões em dívidas. O restante está dividido entre outros credores financeiros, fornecedores e colaboradores, em dívidas que estão alocadas tanto na companhia quanto nos próprios sócios — uma prática comumente vista nas RJs do agro.
“A maior parte dos credores não tinha nenhum tipo de garantia e os poucos que tinham já estavam ameaçando executar a companhia. Esse é um ano de postura mais hostil dos credores, diante da crise no agronegócio. Com a recuperação judicial, conseguimos equalizar os termos de negociação entre todos os credores”, afirma Douglas Duek, da Quist Investimentos, assessora financeira da empresa. Na parte jurídica, o grupo Rio Claro é atendido pelo escritório RM2F Advogados.
De olho na reorganização financeira do grupo, que detém cerca de 2 mil hectares, será conduzido ao longo dos próximos meses um trabalho de reestruturação da operação, cortando custos e melhorando controles. Com a recuperação judicial, a principal vantagem para a companhia é o ganho de prazo para conseguir lidar com todas essas mudanças.
“Sem uma recuperação judicial, muitas vezes a dívida é alongada para cinco, seis anos, o que muitas vezes não é suficiente para sanar o problema, ainda mais em um contexto de juros altos. Com uma RJ, esse prazo passa para dez, doze anos, o que acaba dando mais margem para reorganizar o grupo e pagar as parcelas”, explica Duek.